osc grupo contacto junta militarOrganizações da Sociedade Civil (OSC), académicos, religiosos e partidos políticos defendem a necessidade de criação urgente de um grupo multissectorial de contacto com vista estabelecer um diálogo construtivo, com a autoproclamada Junta Militar, que está a protagonizar ataques armados na zona Centro do país, como mecanismo de busca de resoluções deste conflito que põe em causa a segurança das pessoas e o desenvolvimento económico em Moçambique.


Esta posição foi anunciada esta quinta-feira, (09), durante uma mesa redonda virtual organizada pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) cujo objectivo era a busca de soluções urgentes pacíficas e sustentáveis para por fim a estes ataques armados que constituem uma ameaça à paz e os avanços no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração(DDR) dos homens armados da RENAMO cujo termino esta previsto para Julho de 2021.

Para os participantes no debate, o grupo de contacto deve ser constituído por diversos segmentos sociais devendo ser portador de uma mensagem de paz, amor e respeito pela pessoa, independentemente do que ela tenha feito, para poder compreender melhor as causas que levaram a Junta Militar enveredar pelo conflito armado e daí se buscar a solução do problema.

osc grupo contacto junta militar 1Segundo o Reverendo Albino Mussuei, do Conselho das Religiões de Moçambique (COREM), o grupo de contacto deve estabelecer interacção não apenas com o líder da Junta Militar, Mariano Nhongo, mas também com a direcção do partido RENAMO, bem como com o Governo moçambicano para depois produzir-se comentários e com isso desenhar-se um plano de acção estruturado.

“Precisamos de tratar este assunto com muito amor e muito carinho porque estamos a tratar de homens e sobretudo de pessoas armadas”, disse o Reverendo para quem a criação do grupo de contacto vai possibilitar, igualmente, saber o que o Mariano Nhongo quer e o que as outras pessoas envolvidas no processo querem.

Mais importante ainda, segundo o Reverendo “é falarmos bem um do outro, não julgarmos e nem condenarmos para que haja maior abertura para um diálogo mais frutífero e sairmos deste problema. O país não pode continuar a viver nesta situação”.
Por sua vez, o Frei Alfredo Manhiça chamou atenção para se encontrar as suas causas, bem como as pessoas envolvidas para além dos que estão em posição de negociar.

Segundo Frei, não obstante este problema ter despoletado no seio de um partido político e que até certo ponto pode ser visto como um problema interno, quando pessoas começaram a morrer e se pôr em causa a Paz do país, “o governo não se pode excluir do problema”
“O governo moçambicano tem negociado com a RENAMO por isso não se pode excluir. Tem que encontrar formas de negociar também com os homens armados da Junta Militar”.

Por sua vez, o Bispo Dinis Matsolo disse haver necessidade de envolvimento de todos os actores no processo, tendo como fundamento de que o assunto da paz e bem-estar da nação moçambicana e preocupação de todos os nós.
“Devemos envolver a todos os interessados na matéria. Então, o espírito de exclusão de alguns pode minar qualquer e todo um processo que pretendemos levar a cabo. É importante o envolvimento de todos, mesmo os que por alguma razão ou outra pretendam dar a entender que não estão interessados em envolver-se, se nós percebermos que são parte do processo é tão importante que façamos todo o esforço para envolve-los”, disse o Bispo, sustentando que se isso não acontecer estar-se-ia a dar passos em falso.

Para o religioso, o maior desafio é fazer de tudo que está ao alcance para ouvir a opinião de cada um para encontrar soluções para o problema.
“Cada um de nós tem que fazer a sua parte e nunca pensar que nada posso fazer. Ninguém pode se minimizar naquilo que pode ser a sua contribuição neste processo. Então vamos juntar as mãos, a nossa inteligência, os nossos esforços na busca de soluções para o problema que enfrentamos”, sublinhou o Reverendo encorajando a necessidade de um debate aberto sobre o assunto na busca de uma paz efectiva e sustentável.

osc grupo contacto junta militar mulhovoHermenegildo Mulhovo, Director Executivo do IMD, explicou a razão de organizar o debate. “Decidimos organizar este encontro, justamente porque estamos preocupados com a questão relacionada com a Junta Militar. Este movimento que vai em contramão, com aquilo que são as nossas aspirações como moçambicanos. Queremos que a paz esteja implantada em Moçambique como uma realidade”, explicou Mulhovo, tendo reconhecido que de alguma forma temos alguma responsabilidade, como sociedade civil, de poder sentar, reflectir e explorar as possibilidades de também dar a contribuição na busca de solução.

Segundo Mulhovo, o processo DDR já iniciou e é urgente que os elementos que compõem este grupo façam parte do processo daí que interessa encontrar formas integra-los antes do término. “Acreditamos que esta paz só vai ser sustentável se nós todos como moçambicanos darmos o nosso apoio, a nossa contribuição e a Junta Militar e extremamente fundamental para que possamos ter de facto essa paz sustentável”.

No encontro ficou assente as dificuldades que diferentes iniciativas de aproximação encontraram para resolver o conflito, mas ainda assim reconhecem que não se pode desistir pois a paz é do interesse dos moçambicanos e um passo importante para a promoção do bem-estar da população.

Contacto

+258 843066565
Av. Lucas Elias Kumato nº 61 | Bairro da Sommershield - Maputo, Moçambique

newcontact

foreignaffairsfinlandnimddemofinlandidea footerosisa footerirish aid footeruniao europeiareino dos paises baixosembsueciandi 40 smallamerican flag

Criação e implementação: DotCom