mazula manchas na democracia multipartidaria 1O académico e antigo Presidente da Comissão Nacional de Eleições em Moçambique (CNE), Brazão Mazula, recomendou, nesta quinta-feira, aos políticos a removerem as manchas negativas na democracia multipartidária em Moçambique, pois, segundo ele, basta uma pequena mancha para que se tire o brilho desta conquista dos moçambicanos.

Mazula, que falava na Mesa Redonda sobre o tema “Democracia Multipartidária: percursos, ganhos e lições”, organizada no âmbito dos 30 Anos de Democracia Multipartidária em Moçambique aponta o conflito armado na zona centro, recente ataque contra o Jornal Cana de Moçambique, os "esquadrões de morte", bem como a marginalização dos grupos vulneráveis como é caso das crianças de rua como algumas das situações que mancham o percurso dos 30 anos da democracia multipartidária em Moçambique.

“Custa entender que passados 30 anos da introdução da democracia multipartidária, ainda se queira resolver problemas sociais e políticos a base de armas como acontece no centro do país", referiu Mazula, acrescentado ainda que "custa entender que se pense e se planifique a morte de alguém ou a danificação de algum órgãos de comunicação social como o que aconteceu há tempo com o incêndio das instalações da STV e, recentemente, com as do semanário Canal de Moçambique, só porque pensa diferente, quando o metabolismo da democracia multipartidária se faz com a diferença de ideias e a riqueza da própria democracia reside, precisamente, na liberdade de escolha e de informação, que permite discutir em conjunto as melhoras vias de desenvolvimento do país", referiu.

Segundo académico, o exercício da liberdade de expressão é um direito constitucional e compreende, entre outros, a faculdade de divulgar o próprio pensamento para todos os meios legais, “daí que tanto os que pensam, planificam, orquestram uma fundamentação jurídica, como os carrascos, aqueles que executam a ordem de matar ou danificar os bens alheios públicos ou privados e aqueles que ilibam os executores, são todos criminosos”.

Outra mancha identificada pelo académico na democracia multipartidária moçambicana é o facto de se ignorar a situação dos grupos mais vulneráveis. "Tapamos os ouvidos com cerume para não ouvirmos nem a fala nem os gritos das crianças de rua nas nossas cidades. Hoje deixamos as crianças de rua a murcharem".

mazula manchas na democracia multipartidariaNa sua abordagem Mazula criticou ainda aquilo que chamou de intrigas e fofocas que tem tomado a nossa sociedade sublinhando que no país há pessoas que se especializam em intrigas e fofoca, considerando que geralmente são pessoas incompetentes nas suas profissões, ou sem profissão alguma ou com profissão mal acertada.

“Para singrarem na vida, na primeira oportunidade de falar com o chefe falam mal do colega ou da pessoa alvo, mancham a sua imagem e dignidade, tudo fazem para convencer o chefe a tira-lo do seu posto de trabalho e eles ocuparem o lugar ou passar para algum familiar seu e ascender a postos superiores”, Observou Mazula acrescentando que "os esquadrões de morte matam com pistola ou uma AKM; os intriguistas e fofoqueiros, que são maliciosos e vingativos, matam com língua rodeada de gengivas inchadas e lábios emoldurados de feridas a jorrar sangue, e estão sempre em tensão alta quando falam".

Daí, Mazula apela a necessidade de saber conviver em sociedade, respeitando um aos outros, facto que tem causado a intolerância e a recusa de reconciliação nacional e derrubam todos os esforços de paz em Moçambique.

Para o professor Mazula, para o sucesso de democracia multipartidária é necessária a valorização da pessoa humana, sublinhando que sem o cidadão não há estado democrático algum e não há democracia multipartidária autêntica.

Por sua vez o jornalista moçambicano Tomas Vieira Mário, corroborando com o pensamento do académico Brazão Mazula, sublinhou que as manchas na democracia multipartidária influenciam negativamente na classificação de Moçambique na avaliação dos índices da democracia.

Tomas Viera Mário acrescenta ainda a necessidade de o país repensar no modelo de eleição dos órgãos representativos. “Por isso entendemos que em nome do desenvolvimento saudável da democracia multipartidária há uma necessidade de repensarmos e rever o sistema de como os órgãos legislativos são eleitos no nosso país nomeadamente o sistema proporcional que pode ser mantido mas com listas abertas por forma a favorecer a actuação do cidadão e do eleitor”, disse Mário para quem para além deste pormenor “é recomendável e urgentíssimo que se reveja para baixo os poderes imperiais do Presidente da República”.

A celebração dos 30 Anos da Democracia Multipartidária é organizado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos e IMD e decorre sob o lema: “Celebrando a Constituição Multipartidária, construindo uma Democracia Inclusiva”.

As actividades contam com apoio dos parceiros do IMD, nomeadamente Embaixada do Reino dos Países Baixos, Embaixada da Irlanda, Embaixada da Finlândia, Embaixada da Suécia, União Europeia e NIMD.

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