DSC08343Representantes de diferentes organizações da sociedade civil, incluindo partidos políticos parlamentares e extra- parlamentares defenderam, esta quinta-feira, a necessidade de a mulher moçambicana consolidar os ganhos significativos conseguidos ao longo dos 30 Anos desde a introdução da democracia multipartidária em Moçambique.

Este posicionamento foi avançado, em Maputo, durante a mesa redonda sobre participação política das mulheres e jovens ao longo dos 30 anos de democracia multipartidária organizado pelo Fórum Mulher em parceria com o Instituto para a Democracia Multipartidária(IMD), onde se avançou que a participação política da mulher não é assunto de hoje, mas sim desde antes da independência nacional.

De acordo com a Professora e antiga deputada da Assembleia da República, Isabel Casimiro, ao longo destes anos houve ganhos significativos queIsabel Casimiro f beneficiaram a mulher, dando como exemplo o facto de o Parlamento ser dirigido, nos últimos mandatos por uma mulheres e ter pelo menos 107 deputadas pertencentes a diferentes partidos políticos, bem como o facto de a mulher estar em alguns órgãos de tomada de decisões a nível nacional.

“A nossa força colectiva nos permitiu isso, e com a independência tivemos mais ganhos dos quais, o direito de eleger e de ser eleitas, a abertura democrática multipartidária, a existência de instituições democráticas que contribuem para fortalecer os direitos humanos e da mulher bem como o Estado de Direitos Democrático”, disse Casimiro ajuntando que apesar destes ganhos há que se ter consciência de que a luta tem que ser continuada tirando-se proveito de a mulher ser a maioria da população moçambicana e acreditar que é possível mudar e ter a mulher mais valorizada tanto na política como nos lugar de tomada de decisão.

Para a académica, há que perceber, igualmente, que nem sempre as instituições democráticas, académicas e outras, estão de facto democráticas. Muitas delas pouco aceitam ou mesmo não aceitam o pensar diferente, o que degenera em medo em participar por parte de algumas mulheres.

Por sua vez, Ivone Soares, activista social, entende que apesar dos avanços que se verificam na inclusão da mulher na politica, ao longo dos 30 anos da democracia multipartidária, ainda há muito que se fazer sobretudo na esfera económica, “uma vez que a mulher ainda não é gestora de grandes empresas, como por exemplo o banco central, ainda não temos o rosto da mulher no nosso dinheiro e muito menos assinatura desta”.

Ivone Soares“Eu penso que nestes 30 anos de democracia e 45 anos de independência nacional já é tempo de colocar a mulher naquelas áreas desafiantes em que a competência técnica da mulher é testada e desafiada”, disse a activista social ajuntando que por exemplo do sector bancário onde apenas um banco é gerido por uma mulher.

Para Soares, quando a mulher fala de ter maior oportunidade de participação não quer dizer que ela quer ser a dominadora, mas o objectivo e deixar a posição de dominadas, “por isso a nossa grande batalha é de deixarmos de ser as vítimas e passarmos a ser mais donas dos nossos destinos e das nossas vidas. E isto passa necessariamente por empoderar a mulher economicamente e que a sociedade compreenda que as relações de poder ainda são desequilibradas”.

“Para que essa luta seja gloriosa é necessário que garantamos que as mulheres dirigentes sejam rodeadas por mulheres para que tenhamos um poder real, e não servirmos apenas de estatística”, disse Ivone Soares para quem actualmente a mulher mesmo sendo chefe ainda é rodeada de muitos homens que são eles que no fim do dia tem a voz da maioria.

Por sua vez, Lorena Mazive, Gestora de Projectos no IMD, sublinhou que a mulher como activista social desempenha um papel fundamental para influenciar processos e procedimentos sociais e políticos, contudo se afigura premente que na cadeia de influência, se considere como preponderante a presença quantitativa e qualitativa de mulheres nas instituições democráticas, porque lá onde são aprovados instrumentos de governação, as políticas e as leis.

“Se a mulher não estiver efetivamente representada, mostrando pujança na defesa de uma agenda de género, esta pode ser posta em causa. Por esta razão é que se mostra oportuno e relevante discutir efusivamente modelos sociais e políticos alternativos e, capazes que contribuir para o incremento de mulheres em instituições de representação bem como na consolidação da Paz e de uma Democracia mais inclusiva”, disse Lorena Mazive recomendando a necessidade de maior interacção entre as lideranças partidárias e os braços juvenis e femininos dos partidos políticos como forma de promover maior aproximação entre as partes, bem como a promoção de debates internos nos partidos políticos sobre o contributo que os jovens e mulheres podem dar no processo governativo.DSC08306

Para lorena Mazive, pese embora ainda persistam barreira culturais, económicas, políticas e legais em Moçambique, há avanços animadores em termos da presença numérica da mulher em órgãos de soberania e em instituições democráticas e de representação, contudo chama atenção o exercício dos direitos de participação política tanto de mulheres como de jovens, inclui também a participação em acções partidárias, bem como em instituições democráticas eleitas.

Mais ainda, segundo avança, a participação de jovens nas instituições democráticas, como a Assembleia da República e Assembleias Provinciais, demanda alguma preocupação e concomitantemente, a necessidade de adopção de medidas enérgicas que possam contribuir para a mudança do cenário que actualmente se assiste, em que os jovens apresentam-se no geral numa escala quantitativa muito baixa, sendo que na AR, de um universo de 250 Deputados, somente 17 é que são jovens, “esta situação deve nos preocupar como sociedade”.

O mesa redonda sobre a participação política da mulher enquadra-se nas comemorações dos 30 anos da democracia multipartidária em Moçambique e tinha como objectivo reflectir sobre diversos aspectos dos quais sobre a dinâmica da inclusão, participação das mulheres no reflexão sobre os resultados alcançados por mulheres e jovens ao longo deste período, bem como encontrar caminhos a seguir para a consolidação dos ganhos alcançados e promoção da participação desta camada social na política.

No encontro ficou patente que houve ganhos neste período pelo facto de a mulher ter sido emancipada o que contribuiu para que esta participasse nas decisões de fundo no país. Quanto aos jovens, ficou assente que os partidos políticos devem deixar de usá-los apenas em momentos de campanhas eleitorais, para servirem de força para angariar massas, devendo também integrá-los no processo de tomada de decisão.

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