As organizações da sociedade civil (OSC) moçambicanas defenderam, esta quinta-feira, em Maputo, que a participação activa das mulheres no diálogo nacional e na implementação de políticas de paz é fundamental para consolidar a estabilidade e garantir que os direitos e as necessidades de toda a sociedade sejam efectivamente atendidos.
Este posicionamento surge no âmbito da mesa redonda que decorreu sob o lema “construindo pontes para o fortalecimento da participação das mulheres no Diálogo Nacional Inclusivo”, co-organizada pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) e o Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC).
Aquelas organizações entendem, igualmente, que a sua participação no diálogo político nacional e inclusivo constitui uma mais-valia para o país, uma vez que elas ocupam a maior base da população moçambicana com 52 por cento de mulheres, contudo, continuam uma classe excluída nos processos decisórios sobre o desenvolvimento do país a todos os níveis.
De acordo com a Coordenadora de Programas de IMD, Lorena Mazive, que corrobora deste pensamento, explica que estudos e experiências em diversos contextos demonstram que a inclusão feminina nas negociações de paz não só aumenta a legitimidade dos processos, mas também resulta em acordos mais duradouros e em uma sociedade mais justa e equitativa.
Mazive alerta, no entanto, que é preciso fortalecer os mecanismos que promovem a participação das mulheres, valorizar suas vozes e reconhecer que a paz duradoura só será possível quando todas as partes envolvidas, incluindo as mulheres, estiverem activamente engajadas.
“Que as discussões sobre a Agenda das Mulheres no âmbito do diálogo nacional inclusivo inspirem acções concretas, fortalecendo a colaboração entre as mulheres, a sociedade civil e a Comissão Técnica, para uma participação mais inclusiva e efectiva”, disse a Coordenadora de Programas do IMD.
Por sua vez, o representante da FDC, Diogo Milagre, sublinhou que encontrar ou construir pontes que viabilizem a presença e participação da mulher na construção de consensos em torno de matérias tão sensíveis e estruturantes quanto são os assuntos elencados no contexto do diálogo nacional é caminho indispensável para a eliminação de tensões sociopolíticas e promoção de reconciliação e do tão inadiável desenvolvimento harmonioso e sustentável do país.
“Ao fortalecer a participação da mulher no diálogo nacional, está-se em reconhecimento da justeza da luta contra discriminação e secundarização secular do sexo feminino a partir dos ditames particulares, por um lado e, por outro, fazendo-se jus não apenas ao disposto na nossa Constituição”, disse Milagre para quem a mulher está no centro da vida societária, sendo a nível dos papeis de género uma peça incontornável com o seu papel reprodutivo na esfera familiar, como cuidadora ou zeladora, para além de encarregada, em famílias chefiadas por mulheres, contribuindo, assim para a formação e formatação de comportamento cívicos e de cidadania plena no seio do seu agregado.
O evento é co-organizado pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), pela Fundação MASC e pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC). O apoio do IMD decorre no âmbito dos programas Power of Dialogue, financiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Holanda, e Pro-Cívico e Direitos Humanos, financiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, por meio da sua Embaixada da Finlândia Maputo - Suomen suurlähetystö Maputo.