stela zecaA Secretária do Estado na Província de Sofala, Stela Zeca, defendeu na segunda-feira, 11 de março, na cidade da Beira, a inclusão da mulher nos programas de desenvolvimento, pois segundo refere, a inclusão da mulher é uma questão de justiça e deve ser tratada como uma prioridade, até porque representam a maior parte da população.

Stela Zeca falava na abertura da “Conferência sobre Mulher, Paz e Segurança”, organizada pelo Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) em parceria com a Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF), através do Programa de Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz iniciativa (DELPAZ).

“Estamos aqui em mais um evento que visa enaltecer o papel da mulher no processo de desenvolvimento. E como se tem dito é uma questão de justiça social. Nosso país, de acordo com o senso de 2017, é constituído maioritariamente por moçambicanos do sexo feminino, ou seja, moçambicanas e não faz sentido que este maior número da população não esteja a participar como era esperado no processo de desenvolvimento. Portanto, todas estas acções são uma questão mesmo de justiça social.”, referiu Stela Zeca.

A governante enfatizou as políticas internacionais e nacionais que apontam para a necessidade do alcance da igualdade do género e empoderamento da mulher e rapariga.

“Muitos são os instrumentos, muitos são os encontros, muitas são as conferências, mas há questões que a cada momento nós devemos refletir se tudo isto está de acordo ou alinhado com aquilo que são as nossas práticas.” Disse a Secretária do Estado tendo desafiado os partidos políticos a adoptarem práticas que contribuam para a promoção da paz.

conf mulher seguranca“Se nós continuarmos a falar uma coisa nos discursos e a pratica ser diferente, provavelmente não teremos os resultados que desejamos”, vamos nos despir (das diferenças partidárias) e vamos trabalhar em conjunto para que a participação da mulher nos processos de paz e nos processos de desenvolvimento sejam realmente uma prática, ou seja, que passemos dos discursos passem das intenções e comecem a demonstrar-se em acções.”, referiu.

Por sua vez, o Dércio Alfazema, Director de Programas do IMD, fala da necessidade urgente de se melhorar o cenário a fim de que as mulheres possam exercer o seu pleno potencial como agentes da paz.

“As decisões que são tomadas nas mesas de negociação tem impacto em toda a sociedade, e não apenas nos contendores do conflito. Por isso em qualquer agenda ligada a paz, a promoção da segurança, estabilidade política e reconciliação nacional a mulher deve fazer parte para dar a sua sensibilidade e contribuição”, referiu Alfazema, acrescentado que “as mulheres precisam de ter mais voz e espaço na defesa e protecção dos seus interesses sociais, políticos e económicos para que os desígnios da igualdade de género na sociedade pós-conflito sejam sempre tidos em consideração, até porque, em todas as situações conflitos ou de instabilidade, incluído os registados na zona norte e da zona centro do país, elas têm sido as mais afectadas directa e indirectamente.”, referiu.

O representante do UNCDF, Louis Helling, falou do compromisso da União Europeia no apoio às iniciativas de promoção da paz, baseada num estudo que apontava a exclusão como um dos factores de vulnerabilidade.

“E estas análises e diagnósticos sugeriram que a percepção de exclusão por parte de alguns grupos da sociedade é uma consequência, mas também uma força motriz do conflito. Esta percepção de exclusão deve ser colmatada. O país é único, a população é única, a sociedade é única, então todos devem se sentir parte do processo da paz e do processo de desenvolvimento.”

Adiante reiterou o apoio em iniciativas que promovam a inclusão da mulher, que muitas vezes têm sido as principais vítimas dos conflitos.

conf mulher seguranca 1“Para nós, para todos os parceiros de implementação de DELPAZ, a importância da presença da mulher, da voz feminina na governação, no diálogo para a paz e assegurar que os benefícios da paz cheguem para as mulheres em todos os escalões, é fundamental. A mulher, por um lado, muitas vezes sofre mais as consequências dos conflitos e como responsável pela vida familiar não pode escapar às consequências negativas das rupturas da economia e da sociedade. Mas por outro lado, ela também é protagonista nos processos de paz”, referiu tendo acrescentado que é necessário ouvir e “prestar atenção às aspirações das ligas femininas dos partidos políticos e temos que apoiar o seu esforço para a consolidação da paz, para participar activamente na governação ao nível dos seus distritos e para assegurar que a dinâmica da paz e desenvolvimento seja abrangente e inclusivo a todos”.

A conferência contou com a presença de representantes Secretária de Estado da Província de Sofala, de entidades diplomáticas e internacionais, com destaque para as Nações Unidas, assim como, Presidentes de Assembleias Provinciais de Sofala e Manica, organizações da sociedade civil, entidades religiosas, partidos políticos e académicos. A Conferência sobre Mulher, Paz e Segurança decorreu no quadro das comemorações do 29º aniversário do histórico Acordo Geral de Paz assinado em Roma a 4 de Outubro de 1992.

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