O Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), através da Academia Política da Mulher (APM), defendeu a necessidade de um contínuo fortalecimento de capacidades das mulheres a todos os níveis, para maior empoderamento político da mulher e consequente valorização e envolvimento dela na política e nos processos de tomada de decisão no País.
Este repto foi lançado nesta quinta-feira (9), por Lorena Mazive, Coordenadora de Programas, do IMD, durante um encontro entre Mulheres Diplomatas e Mulheres Líderes na Política, sobre a situação da mulher na política, denominado “Xitique Diplomático”, organizado pelo IMD em parceria com a Embaixada do Reino dos Países baixos, tendo sublinhado sobre a necessidade de maior aproximação entre mulheres dos partidos políticos e as respectivas lideranças bem como entre as mulheres dos vários partidos políticos.
“Somos de opinião que as mulheres, se despidas das suas cores partidárias, bem como da sua situação económica, social ou cultural podem ter um diálogo mais frutífero e trocar experiências positivas que podem contribuir para a eliminação dos estereótipos e da discriminação que elas têm sofrido no contexto político”, disse Mazive para quem a discriminação e estereótipos têm sido elementos que limitam o avanço e aceitação da diversidade, igualdade, liberdade e inclusão das mulheres em processos políticos, particularmente nos relacionados com a promoção e construção da Paz, processos eleitorais e engajamento político.
O evento, que teve lugar na Residência Oficial da Embaixadora do Reino dos Países Baixos, tinha, dentre vários propósitos promover a partilha de ideias e experiências nacionais e internacionais que sirvam de base para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de iniciativas que estimulam a participação de mais mulheres na política moçambicana.
O Xitique Diplomático serviu, igualmente, segundo Mazive para a troca de sinergias que sirvam de inspiração umas das outras, colhendo ideias inovadoras que estimulam e promovem aprendizagem mútua para o seu maior e melhor envolvimento na vida política dos seus países, e de Moçambique em particular.
Por sua vez, a Embaixadora do Reino dos Países Baixos, Elsbeth Akkerman, apontou que “infelizmente a mulher ainda vive diariamente situações de discriminação em diferentes arenas de trabalho, das quais a arena política não é uma excepção, pois sendo um espaço dominado por homens, que está cada vez mais sendo conquistado por mulheres, torna-as um alvo vulnerável.”
“Inclusive num contexto como o dos Países Baixos, em que há um avanço significativo no que diz respeito à participação das mulheres na política, estas ainda são alvo de discriminação e estereotipagem”, disse Akkerman sublinhando que há premência e, de forma urgente, que se faça um exercício forte de advocacia para se reverter esta situação que desfavorável para as mulheres.
Ainda na ocasião, a Embaixadora da Finlândia, Anna-Kaisa Heikkinen, num discurso de motivação, referiu que apesar da Finlândia ser parte dos países nórdicos conhecidos pelo avanço na questão de género – a luta é contínua, e há ainda muito que se fazer, tendo exortado as líderes políticas, presentes no diálogo, a serem pacientes, “pois o processo é muito longo e os resultados levam algum tempo para se evidenciar”.
“Há que continuar o trabalho todos os dias e fortalecer a credibilidade das mulheres na esfera política”, disse a diplomata.
Como forma de corroborar com as ideias surgidas do debate entre mulheres diplomatas as líderes política, a Representante do Alto Comissariado do Canada, Sélcia Lumbela, alertou que “ter mulheres nos órgãos embora seja importante e necessário, não é, por si só, o resultado, é preciso assegurar que nesses espaços elas estejam a defender a agenda de género e os interesses das mulheres.”
Para Lumbela, há necessidade de um movimento de mulheres das várias cores partidárias unidas a defenderem a questão de género, conjugando esforços com outros actores da sociedade como as organizações da sociedade civil, de modo a reduzir o foço e desconexão entre as mulheres políticas e estas instituições, “pois, ao fim ao cabo, estão todas viradas para um mesmo objectivo”.
Durante o diálogo, que acontece um dia depois de celebração de 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, as mulheres líderes, onde se destacam, Rosita Lubrino e Antónia Charre ambas Presidentes de Assembleias Provinciais de Manica e Sofala respectivamente, para além Clementina Bomba e Leonor de Sousa, ambas Secretárias Gerais dos Partidos Renamo e MDM, respectivamente.
Estas líderes, fizeram referencia sobre a necessidade de as mulheres se unirem cada vez mais em movimentos que repudiem por um lado, os actos de violência e feminicídio que têm sido cada vez mais frequentes e gritantes, contribuindo para a criação e aplicação de mecanismos de responsabilização e protecção das vítimas e suas famílias e, por outro lado, que promovam a protecção e assistência de mulheres que são igualmente parte do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
Mais ainda, adiantaram que no nível comunitário instrumentos, é importante que a Lei das Uniões prematuras seja ampla e devidamente divulgada para permitir o seu domínio e auto-protecção das vítimas.
Neste contexto, foram apontados, dentre vários, como desafios à participação política da mulher a resistência estrutural e social para que mulheres acedam a estes passos como parte importante e contribuinte no processo; o pouco investimento na capacitação e formação das mulheres para que elas possam apropriar-se destes espaços e contribuir activamente; a instigação de conflitos e rivalidades entre mulheres para promover a auto-depreciação e pouco apoio mútuo e colaboração entre elas.
O diálogo contou com a participação de representações diplomáticas em Moçambique com destaque o Alto Comissariado do Canadá, Alto Comissariado Britânico, Embaixadoras do Reino dos Países Baixos, da Finlândia, Mulheres líderes de partidos políticos, nomeadamente, secretárias-gerais e lideranças de ligas femininas de partidos políticos com e sem representação parlamentar e representantes de Agências Internacionais, e as Presidentes de Assembleias Provinciais.