- Stefan Dick Kassotche Mphiri, Secretário de Estado da Província de Manica
No âmbito do Projecto “PROPAZ – Cultura de Promoção de Paz, Reconciliação e Coesão Social”, o Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) organizou, na cidade de Chimoio, a Conferência Regional Centro sobre “Paz, Reconciliação e Coesão Social”.
Na ocasião, o Secretário de Estado da Província de Manica, Stefan Mphiri, destacou a necessidade de se ouvir as vítimas dos conflitos de modo a se compreender a Paz em diferentes perspectivas e como forma de reconhecimento da diferença.
“Nestas auscultações que estamos a fazer, não basta fazer num grupo, das pessoas que saem das suas casas para aqui (sala de reunião), devemos também ir ao encontro das pessoas que sofreram durante a guerra e que sabem o que sair de um conflito para Paz. E que quando a Paz veio, elas se sentiram aliviadas. A Paz não tem o mesmo significado para alguém que nasceu no Maputo e para quem vive no Norte, por exemplo. A Paz não tem o mesmo significado para alguém que nasceu num distrito, que desde que nasceu sempre esteve em guerra. Não tem o mesmo significado. Seria bom irmos ao encontro dessas pessoas. Vamos atrás das pessoas que sofreram com conflitos.”.
Na ocasião, o Secretário de Estado da Província de Manica, Stefan Mphiri defendeu que os acordos devem ser efectivos para que as pessoas se dediquem ao desenvolvimento do País.
“Desde 1975, Moçambique teve múltiplas experiências em conflitos armados. E todas estas experiências terminaram em acordos de Paz. Tivemos a guerra dos 10 anos, e que terminou num acordo, em Lusaka. Tivemos a guerra de desestabilização e que terminou com o Acordo Geral de Paz em 1992. E muito recentemente, tivemos o acordo de Paz Definitiva. Queremos que esses acordos sejam de facto efectivos para que o povo possa pensar no desenvolvimento”, disse.
Segundo o Secretário de Estado de Manica, é preciso que os cidadãos extraiam lições sobre a história dos acordos de Paz e que aprendam a respeitar as diferenças.
“Ao historiar sobre os acordos alcançados na busca da Paz, devemos extrair lições de tudo quanto aconteceu no espírito genuíno de reconciliação. A Paz deve ser a voz interior de nós mesmos. A Paz não deve ser apenas um conceito que devemos jogar com ele nas conferências, nas reuniões, até nas lições acadêmicas. A Paz deve emanar de cada um de nós. Paz deve ser o código de conduta de cada um de nós aqui presente. A Paz implica respeito. A Paz implica reconhecimento das diferenças. É uma construção que exige muito esforço e empenho permanente. Exigem compreensão. Exige tolerância. Exige espírito de ponderação”, referiu, tendo de seguida desafiado os académicos a aconselhar sobre quais caminhos a trilhar para que a Paz em Moçambique seja efectiva e duradoura.
Para Mphiri não se pode separar a consolidação da democracia do debate sobre Paz, pois aquela é a base, pois estabelece as regras de convivência e promove um ambiente pacifico.
“O respeito pelas regras democráticas, pode ajudar os moçambicanos a conviverem pacificamente nas suas diferenças políticas e ideológicas. O regime democrático supõe a existência de projectos políticos variados com os partidos a desempenharem o seu papel na competição política, com regras estabelecidas. O importante é que estas regras sejam observadas por todos os actores políticos para que os cidadãos possam fazer as leituras e entenderem sobre as dinâmicas da vida política e tomarem livremente as posições em relação a este ou aquele projecto da sociedade”.