Após uma ronda efectuada pelos observadores da Sala da Paz, pelos 65 municípios que estão em processo de votação dos seus presidentes e membros das assembleias municipais, esta Plataforma da Sociedade Civil, que monitora o processo eleitoral em Moçambique, continuou a registar incidentes que, de certa forma, podem contribuir para pôr em causa os slogan de “eleições livres, transparentes e justas no País.
Este facto surge por esta Plataforma ter constatado com alguma preocupação que, em algumas mesas de votação, delegados de partidos políticos continuaram a pautar por tentativa de enchimento de urnas, facto constatado, por exemplo, em Marromeu, em Sofala, em que um professor, que por sinal é Presidente da Mesa da Assembleia de Voto, (número 050327-5), foi flagrado com sete boletins de voto pre-assinados a favor do partido Frelimo, tendo-se posto a posterior em fuga.
De acordo com a última informação da Sala da Paz, partilhada com a imprensa, vários outros incidentes foram acontecendo um pouco por todos o país com enfoque para a Cidade da Beira, na mesa de Assembleia voto número 050017-01, da Escola Primária Eduardo Mondlane, em que um eleitor credenciado como Observador Eleitoral do Conselho Distrital da Juventude (CDJ) foi flagrado no acto de votação tentando introduzir inúmeros votos já preenchidos a favor partido FRELIMO.
“Na Cidade de Maputo, concretamente no Campus da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), na mesa número 010038, um eleitor ficou mais de 10 minutos na Cabine de votação, e para sair de lá foi preciso a intervenção do Vice-Presidente da mesa”, disse na ocasião a Pastora Felicidade Chirinda, em representação da Sala da paz tendo sublinhando que ainda em Maputo, desta vez na Escola Comunitária de Chamanculo, na mesa, 010068-01, um observador do Gabinete Juvenil do Conselho Islámico de Moçambique (CISLAMO) credenciado a partir do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) foi agredido e retirado do local por um supervisor do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), por estar a fazer anotações no seu caderno.
Segundo afirma, a Sala da Paz, este comportamento de tentativa de fraude eleitoral foi, igualmente, observado nas cidades de Nampula e de Quelimane. Na cidade de Nampula, segundo o informe da Sala da Paz, um observador eleitoral foi flagrado tentando introduzir boletins previamente assinalados na urna, enquanto em Quelimane, a observadora do Conselho Provincial da Juventude (CPJ) da Zambézia foi, igualmente, flagrada a tentar introduzir votos a favor da Frelimo na Escola primaria completa de Quelimane.
“Nos dois casos trata-se de docentes universitários que supõe-se que tem algum conhecimento da legislação eleitoral”, disse a Represente da Sala da Paz, alertando em seguida que estes comportamentos não são abonatórios a um processo que se queira livre, transparente e justo.
No que concerne ao encerramento das mesas de votação, que estava previsto para as 18h00, a Sala da Paz diz ter constatado que cerca de 80% das mesas de votação encerraram na hora estipulada, nas obstante ter-se verificado a existência de alguns eleitores que se encontravam ainda nas filas para exercer o seu direito cívico “que até certo ponto condicionaram o encerramento dos 20% das mesas de voto, tendo estas encerrado 40 minutos depois da hora estipulada”.
“Temos a realsar que houve, igualmente, casos de eleitores que chegaram depois das mesas terem encerrado, concretamente em Maputo, na Escola George Dimitrov, (mesa 010279-04), e em Nampula, na Escola Primária Completa de Namicopo B, na mesa 090223-01”, disse a Pastora Chirinda sublinhando que o processo de encerramento da votação ocorreu sem incidentes significativos e transcorreu de acordo com as regras e regulamentos estabelecidos.
Neste contexto, a Sala da Paz, apelou, no seu último informe do dia, aos Membros de Mesa de Votação que continuassem a imprimir dinâmica para que todos os eleitores presentes nos locais de votação pudessem, conseguir exercer o seu direito de votar e instou aos partidos políticos que, através dos seus delegados de candidatura, mantivessem uma postura de serenidade e calma sem interferirem no processo normal da votação.
