O Secretário de Estado na província de Nampula, Mety Gondola, manifestou esta posição na terça-feira, 22 de junho, durante o seu discurso de abertura do seminário regional de formação dos membros das assembleias provinciais em matérias de participação política e género na indústria extractiva em Moçambique. O evento teve lugar na cidade de Nampula, juntando os representantes das assembleias provinciais de Nampula, Cabo Delgado e Niassa.
“Pensamos em contar com os mais diversos sectores da sociedade e em especial dos nossos membros das assembleias provinciais para podermos inverter este quadro que ainda se mostra tenebroso” afirmou o governante fazendo referência à fraca participação da mulher no processo decisório no geral e em particular no sector extractivo.
“Não são poucas as vezes que nós discutimos a vulnerabilidade à volta da mulher moçambicana e da nossa província (Nampula), em particular, em razão da restrição das oportunidades em alguns sectores. E este processo é também conhecido e vivido no sector da indústria extractiva”, lamentou Gondola, que considera que neste sector, “infelizmente durante anos e um longo percurso vai-se ainda colocando a ideia de que é um sector em que as oportunidades se devem cingir aos homens, tendo em conta as características físicas para o desenvolvimento das várias tarefas”.
Esta ideia, entende Mety Gondola, coloca as mulheres em situação de maior vulnerabilidade, por restringir o acesso para elas aos recursos de que precisam para melhorar as condições de vida, próprias e das suas famílias. Considerou ainda que a mulher tem sido das maiores vítimas do processo de exploração dos recursos naturais, tendo em conta as suas responsabilidades na sociedade.
A vulnerabilidade da mulher regista-se em vários momentos. Por exemplo, no reassentamento, elas têm responsabilidades de reinserir as suas crianças em novos contextos. Nos trabalhos operacionais dos empreendimentos do sector, as vidas dos seus esposos e filhos são colocadas em risco, podendo criar maiores problemas de sustento das suas famílias sem eles. Outra área identificada por Gondola tem a ver com as mudanças climáticas, que tem igualmente afectado com maior intensidade as mulheres.
“A mulher que é a base da nossa família, aparece mais uma vez exposta a inúmeros sacrifícios. É a mulher que tem estado a sofrer sevícias. Tem estado numa situação em que vão cortando a sua oportunidade de trabalho, alegadamente porque o trabalho é de esforço físico”, lamentou o representante do Estado em Nampula, defendendo a necessidade de se promover acções formativas em benefício das mulheres.
Alinhando no mesmo pensamento, o Presidente da Assembleia Provincial de Nampula, Amisse Mahando, realçou a importante da mulher para o desenvolvimento socio-económico. “Olhar e falar da mulher é falar de desenvolvimento. Seria difícil alcançarmos o desenvolvimento completo sem incluir a mulher”, disse Mahando, que considera que a mulher enfrenta directamente “os verdadeiros desafios da vida”, havendo por isso a necessidade de se incrementar as suas oportunidades.
No seu entendimento, enquanto se deve garantir a sua inclusão nos órgãos de tomada de decisão, deve-se também garantir a melhoria da qualidade da sua participação, através do aprimoramento dos seus conhecimentos. “Seria difícil ela participar se não for inclusa. Todo aquele que participa é porque está lá. Mas nem todos os que estão inclusos num determinado assunto participam”, alertou o governante sobre a necessidade de melhoria da participação qualitativa e quantitativamente.
O governante apelou às próprias mulheres para que as mulheres acreditem nas suas capacidades. A mulher deve ser a primeira a assumir este papel. Porque se ela não assumir que ela pode, ela consegue, será difícil ela de facto enfrentar os objectivos desta mulher.
O seminário foi organizado pela Academia Política da Mulher, unidade de género no IMD e conta com o financiamento do dos Governos da Finlândia e do Reino dos Países Baixos. A iniciativa conta com o Netherlands Institute for Multiparty Democracy (NIMD) e a DemoFinland como parceiros de implementação.