O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) junta-se aos diversos actores e forças vivas da sociedade que saúdam ao Governo e ao Partido Renamo pelos avanços rumo a consolidação da paz e implementação do Memorando de Entendimento no contexto do dossier de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) dos homens armados da Renamo.
Para a organização, ao se celebrar um ano de implementação do Acordo de Paz Definitiva, assinado no dia 6 de Agosto de 2019, é necessário reconhecer que houve avanços mas prevalecem alguns desafios por suplantar.
"Por exemplo, relativamente aos pontos positivos, temos que reconhecer que a celebração deste acordo de paz permitiu a realização de um processo eleitoral com alguma elevação dos níveis de confiança e segurança entre os actores e houve a quebra do ciclo de violência pós-eleitoral que desde 2012 tem caracterizado o país", refere Hermenegildo Mulhovo, Director do IMD, adiantando que apesar de a maior parte dos partidos da oposição não terem se mostrado satisfeitos em relação aos resultados eleitorais, este nível de frustração e negação não degenerou em nenhum conflito armado.
Em relação ao DDR, a organização reconhece ser um dos pilares da paz em Moçambique e avança que não obstante algum atraso na sua implementação, o processo tem conhecido significativos avanços com a desmobilização de mais de 500 ex guerrilheiros da Renamo nas bases de Savane e Muxungue (Província de Sofala). No entanto, o IMD chama atenção para ameaças que decorrem da permanencia nas matas de elementos da Junta Militar.
"Continua a ser um grande desafio e obstáculo ao processo de paz, a actuação violenta da Junta Militar. Realizam ataques, vandalizam instituições e aterrorizam a população. Já temos deslocados que resultam de ataques deste grupo. Esta situação deve ser resolvida de forma urgente e sustentável. Os elementos da Junta Militar ainda podem ser integrados e se beneficiarem do processo formal do DDR que nos termos do novo cronograma termina em Julho de 2021", refere Mulhovo.
A celebração do primeiro ano de acordo de paz definitiva coincide com o ano da celebração dos 45 anos da independência e de 30 anos da democracia multipartidária, conquistas que podem ser consolidadas num ambiente de estabilidade social, economica, política e militar de modo a que o país tire melhor proveito das suas potencialidades.
Para o IMD, é necessário que instituições democráticas como a Assembleia da República, as Assembleias Provinciais e Assembleias Municipais funcionem como espaços privilegiados de diálogo, negociações e concertações tendo em conta a estabilidade do país e as lideranças dos partidos políticos devem também manter diálogo permanente entre si e com os seus membros de modo a que todos se sintam envolvidos no processo de construção do país.
A organização, chama também atenção para se garantir o envolvimento das lideranças locais e mecanismos de reconciliação e coesão social entre os Moçambicanos, para que os ex guerrilheiros sejam devidamente intergrados ao nível das comunidades e que consigam desenvolver as suas actividades sócio econômicas, políticas e culturais num ambiente de inclusão.