pastora felicidade chirinda- Pastora Felicidade Chirinda

Intervindo no debate, a Presidente do Conselho Cristão em Moçambique, a Pastora Felicidade Chirinda, lamentou o facto de haver poucos livros escritos por mulheres a contarem as suas experiências de participação na guerrilha, desde a luta de libertação nacional, cujo início teve lugar nos anos 1960.

Infelizmente rareiam livros escritos por essas mulheres, narrando suas experiências de violência armada, narrando sua experiência de integração na vida civil, narrando suas vitórias, fazendo críticas e também apontando desafios e seus pontos sobre o que deve mudar para que a paz seja realmente completa”, afirmou a pastora, acrescentando que “as poucas mulheres que são narradas, muitas vezes confundem-se com homens e algumas aparecem apenas como apêndices nas histórias de homens”, contestou.

A Pastora manifestou satisfação pelo facto de o actual processo de DDR ter se mostrado esforços em relação às mulheres. “Conseguiu se dar visibilidade às mulheres que até pouco tempo eram invisíveis”. Mesmo assim, alerta sobre a necessidade de se adoptar abordagens sustentáveis a médio e longo prazos de forma que as mulheres continuem protegidas e os seus interesses sejam acautelados.

evento mulheres ddr 2“Não vai constituir espanto para ninguém se daqui a seis meses ou no máximo um ano, começarmos a ouvir que algumas mulheres que se beneficiaram do DDR, já nada têm, porque surgiram alguns homens espertos e usando o seu papel de maridos, filhos e irmãos, ofereceram-se para ajudar aquelas mulheres na gestão das suas economias, e nesse processo, ficarem sem nada”, alertou a líder religiosa.

Assim, para evitar que isso aconteça, apelou à necessidade de capacitação das ex-guerilheiras para que estas mulheres possam gozar da sua liberdade com justiça, reconciliando-se com a comunidade e com a terra e apelou a todos a se unirem contra as práticas culturais que “fazem das mulheres dóceis, resignadas e conformadas”.

A pastora defendeu que a educação deve “tomar a sério os assuntos sobre violência baseada no género” e a necessidade de se “abordar claramente assuntos da moral e da corrupção”. Defendeu também, a necessidade de se estabelecer um diálogo sincero, sob o risco de os seus interesses não serem tidos em consideração em diferentes processos decisórios.

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