covid novo decreto 08 03 2021O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), uma organização da sociedade civil moçambicana, considera que as recentes medidas aprovadas pelo Governo no âmbito da situação de calamidade pública para controlar a propagação da COVID-19 no país, valorizam os ganhos obtidos com a implementação das medidas aprovadas pelo Decreto 02/2021 de 4 de Fevereiro.

As medidas em causa foram anunciadas pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi, na sua comunicação à Nação, no dia 4 de março e mais tarde publicadas no Boletim da República através do Decreto 07/2021 de 5 de março do Conselho de Ministros, e entraram em vigor neste domingo, dia 7 de março.

Segundo o IMD, os dados oficiais mostram que nas três semanas que se seguiram à implementação do decreto 2/2021, o número de infecções, internamentos e mortes por COVID-19 continuou alto, mas com tendência de abrandamento, se comparado com as três semanas anteriores. "Faz todo sentido manter o essencial das medidas que de alguma forma estão a contribuir para o abrandamento dos casos, para preservar estes ganhos”, observa a organização em seu comunicado, recordando que a taxa de positividade também tende a reduzir.

As novas medidas incluem ainda o reforço do uso de máscaras nos locais públicos e de aglomeração de pessoas, a retoma dos treinos para as equipas e seleções seniores nacionais, mediante a realização de testes semanais da COVID-19 e a autorização da retoma das aulas em todos os subsistemas de ensino.

Para a organização, a decisão de reabertura das aulas de forma não gradual constitui a grande inovação desde o início da pandemia e contém algumas contradições para com algumas medidas, como é o caso do recolher obrigatório das 21 às 4 horas em vigor na Região do Grande Maputo.

"É importante que se esclareça como vai se efetivar a retoma das aulas no curso noturno na Região do Grande Maputo. Não ficou claro nem na comunicação do Chefe do Estado e nem no decreto 07/2021", refere o comunicado do IMD, questionando ainda o impacto que a medida da reabertura vai ter no sector dos transportes, que por si só já tem se mostrado com muitas limitações para satisfazer a demanda sem a pressão dos alunos.

"É também importante que haja ao nível das escolas a observância rigorosa do protocolo sanitário para que a retoma das aulas em todos os subsistemas não venha a contrariar os ganhos até aqui alcançados, pois muitas escolas apresentam problemas estruturais como falta de sala de aulas, superlotação de alunos nas salas e falta de condições sanitárias adequadas para a observância das medidas”, lê-se no documento.

O IMD aponta ainda a necessidade de uma monitoria rigorosa nas instituições de ensino, propondo que se inclua a realização de testes aleatórios, por amostra, para alguns alunos tal como sucede ao nível do desporto, onde a retoma aos treinos está sujeito a realização de testes semanais.

 

Início da vacinação vai reforçar as medidas de prevenção em curso

O IMD considera que o início da vacinação nesta segunda-feira, 8 de março, vai ser uma mais-valia para o reforço das medidas de prevenção em curso e vai contribuir para reduzir os efeitos da doença nos grupos de maior risco.

A organização, refere ser importante que o processo decorra observando todo o protocolo de segurança para o beneficiário e que os mesmos recebam alguma documentação que certifica que já tomaram a vacina, sendo importante, no futuro, clarificar se os mesmos estarão sujeitos a realização de testes para a realização de viagens ou não.

"Em alguns países onde já estão a ser aplicadas as vacinas tem se verificado a ocorrência de manifestações devido a falta de transparência e de clareza na informação. Temos que aprender destas situações e tirar lições para que o mesmo não aconteça em Moçambique", refere o comunicado.

O IMD, defende ainda que com a retoma das aulas, os professores devem fazer parte dos grupos alvos prioritários para tomar a vacina.

“Os profissionais do sector de educação devem subir na lista das prioridades para a vacinação”, afirma a organização, que considera necessário um tratamento especial aos estudantes que padecem de doenças que aumentam a sua vulnerabilidade em relação à COVID-19.

O IMD reitera o apelo aos cidadãos no sentido de observância das medidas de prevenção como distanciamento social, higienização e uso de máscaras e/ou viseiras bem como se fazer a rua apenas quando se mostrar necessário de modo a evitar a criação de aglomerações aumentando o risco de contaminação.

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