Com temas como verificação de factos, critérios de qualidade, focos de atenção jornalística, trabalho em rede, jornalismo como interesse público, planificação da cobertura, segurança assim como os efeitos persuasivos no processo eleitoral, durante dois dias jornalistas das rádios comunitárias das províncias da zona norte do país, mais os oriundos da Zambézia participaram da capacitação “Cobertura eleitoral e fact-checking”, que se realizou na cidade de Nampula, ministrado pelo Mídia Lab em parceria com o Instituto para Democracia Multipartidária (IMD).
A capacitação esteve a cargo de Rui Lamarques, Director Executivo do Mídia Lab, que se referiu aos focos de atenção jornalística e construção de perfis de candidatos, como também na importância de “englobar nas peças a opinião e/ou necessidades dos cidadãos”.
Marcelino Voabil, jornalista da Rádio Quelimane FM, enfatizou o direito que os eleitores têm de dispor de informação para estar em condições de eleger e comentou que “seria uma contradição falar duma eleição democrática se não existe liberdade nos meios de comunicação”.
“As rádios devem estabelecer a diferença entre a informação e opinião”, pontualizou Lamarques e referiu que os meios de comunicação têm a responsabilidade de projectar uma visão mais apegada a realidade dos factos.
Dentro do programa, contou-se com a presença de rádios comunitárias que vão cobrir as eleições pela primeira vez. No tópico sobre o desenho do programa de cobertura Sheynize Muze, facilitadora-assistente, comentou que “toda eleição deriva de um governo e todo governo duma eleição” e, por tal, “os meios de comunicação e a política transitam em duas vias que muitas vezes se encontam pelo que se deve garantir a independência dos meios de comunicação”.
Na discussão sobre os planos de cobertura, o jornalista Sílvio de Jesus, da Rádio Sem Fronteiras da Beira, comentou que as rádios comunitárias vão cobrir as eleições na medida das suas possibilidades.
As limitações orçamentais, para órgãos de informação que se debatem com graves problemas para a sua sustentabilidade, pode minar o processo de cobertura. Ao finalizar o evento, Rui Lamarques, fez saber que a colaboração entre as rádios e o trabalho em rede podem minimizar o impacto negativo da falta de recursos.
Esta formação decorreu no ambito da iniciativa “Reforço da Integridade dos Processos Eleitorais” financiado pela Embaixada do Reino dos Países Baixos. A proxima formação vai decorrer na cidade da Beira abrangendo jornalistas da região centro do país.