Um total de 14 formadores, sendo 13 mulheres e 1 homem, provenientes das 7 províncias das regiões centro e norte do país, beneficiaram-se recentemente de uma capacitação como formadoras provinciais, em matérias de prevenção de conflitos e participação da mulher na consolidação da paz e reconciliação.
A formação, de dois dias, decorreu entre 12 e 13 do mês Setembro na cidade da Beira, província de Sofala e tinha como objetivo, munir aos formadores provinciais de ferramentas, conhecimentos, habilidades e mecanismos de gestão e prevenção de conflitos para posterior réplica provincial às mulheres do Movimento Mulher e Paz. E, se pretende que as mulheres do movimento estejam dotadas de mais conhecimentos para aumentar o seu envolvimento no diálogo e advocacia para a construção da Paz e Reconciliação para maior coesão social em Moçambique.
A Coordenadora de Programas no Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), Lorena Mazive, desafiou aos capacitados a replicar os conhecimentos adquiridos em cada um dos módulos do pacote de formação, nas suas províncias, com a necessária qualidade e isenção.
Com efeito, os formados serão responsáveis por capacitar e orientar mulheres nas comunidades, a razão de 43 por cada província e no fim se espera atingir o universo de 300 mulheres, com ferramentas sobre prevenção de conflitos e promoção da paz; equidade de género, cidadania e reconciliação.
“Está iniciativa é parte do Programa Mulher e Paz, que visa aumentar a influência da mulher no processo de construção da paz, que muitas das vezes tem “cara” do homem. Nós queremos ser diferentes, dar visibilidade às mulheres para influenciar a participação de outras na construção deste bem precioso”, afirmou, a Coordenadora que instou aos participantes a replicarem os objectivos do programa para que seja sustentável e para que efetivamente promova a mudança social esperada e maior envolvimento das comunidades na prevenção de conflitos e na promoção da Paz.
“Tendo em conta o contexto político-eleitoral em que nos encontramos, vocês poderão ser confundidos como estando a desenvolver atividade politico-partidária”. É preciso esclarecer que esta acção é apartidária, anotou Lorena Mazive. Mais ainda, acrescentou que “Cada um de vós tem responsabilidades acrescidas que é contribuir na sua comunidade para levar a participação da mulher na prevenção de conflitos através da transmissão de conhecimentos”, afirmou.
Lorena Mazive, “defendeu ainda que quando se fala de Justiça de género para uma Paz Sustentável, o debate torna-se muito político. As mudanças ancoradas à interesses políticos que são de alguma forma conservadores. Por isso, nós pensamos que há uma necessidade urgente de sermos incluídas deste o início da discussão sobre a paz e não no meio ou no fim do processo. Actualmente, apenas medimos o progresso contando o número de mulheres envolvidas em processos formais de manutenção e estabelecimento da paz. No entanto, se alargarmos um pouco a rede, encontraremos mulheres envolvidas em processos de paz de várias formas e que não são tidas em conta.”
Por seu turno, Rosalita Macate, Ponto Focal do Movimento da Mulher e Paz, na província de Sofala disse que o encontro revestia-se de capital importância por estar a decorrer nos derradeiros momentos do exercício democrático no país. Macate sublinhou que a perspectiva é ampliar o espaço para a influência da mulher na promoção da paz social e bem estar das comunidades.
A ponto focal explicou que a participação da mulher é fundamental na construção de uma sociedade saudável e em harmonia social. “É mais uma oportunidade para melhorar a prestação da mulher em matérias de construção da paz e coesão social, isto é, evitar a eclosão conflitos”, disse.
Macate acrescentou que particularmente, a cidade da Beira tem sido palco das disputas eleitorais, pelo que se afigura importante difundir mensagens de construção da paz e prevenção de conflitos. “Temos que municiar a mulher de ferramentas de prevenção de conflitos, para saber prevenir e gerir os conflitos”, concluiu.
Por seu turno, Lóide Macaringue, facilitadora da formação no disse que é necessária a migração da mulher dos espaços informais da resolução de conflitos, do lugar de vítima para espaços formais de solução dos problemas. “Que os conhecimentos adquiridos tenham réplica nas suas origens de modo a empoderar cada vez mais a mulher. A capacitação não deve terminar na sala. Espero que elas usem os conceitos administrados para formar as outras”, disse.
De referir que participaram na formação, 14 formandos, a razão de 2 por cada província, provenientes das províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia, Tete, Manica, Zambézia e Sofala, onde está a ser implementado o programa.
A formação, que decorre no âmbito do programa Mulher e Paz que financiado pelo Embaixada da Suécia e implementado pela Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) em parceria com a Fundação para Desenvolvimento da Comunidade (FDC) e o Centro Africano para a Resolução Constructiva de Disputas (ACCORD).