O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) instou, esta segunda-feira (30), em Maputo, aos partidos políticos concorrentes às eleições gerais e das assembleias provinciais de 9 de Outubro próximo, a verem os jovens não apenas como instrumentos de mobilização politico- eleitoral, mas sobretudo como sujeitos de direitos, por isso ser premente que os seus anseios e demandas sejam incluídos nos manifestos eleitorais e posteriormente nos instrumentos de governação dos partidos vencedores destes processo eleitoral.
Esta foi a posição da Coordenadora de Programas do IMD, Lorena Mazive, a qual sustenta que as eleições não são apenas sobre a escolha dos futuros líderes do nosso país, mas também sobre a definição das prioridades e dos valores que vão guiar a nação nos próximos anos.
“Por isso é crucial e premente que as preocupações da juventude como são os casos de emprego, educação, saúde, inclusão digital, meio ambiente, habitação condigna, entre outras, estejam no centro das atenções dos manifestos eleitorais de 2024”, disse Mazive que falava durante a Mesa Redonda sobre Manifestos Eleitorais da Juventude, organizado pelo IMD e parceria com o organizações juvenis da sociedade civil, cujo objectivo era reflectir sobre como os manifestos eleitorais podem e devem responder às aspirações da juventude.
Segundo Lorena, hoje precisamos do engajamento activo dos jovens na política e nos processos de tomada de decisão e este espaço de diálogo irá proporcionar um ambiente social e multipartidário onde os jovens passam discutir e activamente socializar a sua agenda política expressando as suas opiniões, influenciar o pensamento dos concorrentes eleitorais e contribuir para que os seus interesses de façam, de facto, reflectir nos manifestos.
O debate contou com participação de mais de 200 jovens provenientes de diversas associações juvenis, academias, partidos políticos entre outros e foram insistentes sobre as politicas claras, estratégias e planos concretos para fazer face aos interesses e dificuldades que apoquentam a juventude sobretudo, nos aspectos referentes ao fortalecimento do sistema de saúde pública, combate a corrupção, a melhoria do sistema de transporte, a educação, o acesso a material de construção, acesso à terra bem como o respeito pelos direitos humanos com enfoque ao direito de manifestação.
Por sua vez, os representantes dos partidos políticos, nomeadamente Frelimo, Renamo, MDM e Podemos foram coincidentes ao afirmar que várias são as preocupações da juventude das quais a baixa qualidade de educação, a falta de emprego, bem como a necessidade de habitação condigna que são, igualmente, prioridades constantes dos seus manifestos eleitorais.
Com efeito, e em representação do partido Frelimo, Jaide Madeira, informou que o manifesto do seu partido teve em consideração a juventude não pelo facto de ser maioria da população moçambicana mas, sobretudo, porque a questão da juventude está em todos os lugres e todas as iniciativas do partido “por isso que se criou a Secretaria da Juventude e Emprego para fazer jus às solicitações dos jovens”.
“Nsta nova governação trazemos as soluções dos problemas que os jovens têm, das quais o investimento na educação em toda a sua cadeia, uma vez estudos provam que para que os jovens tenham emprego devem ter uma boa qualidade de formação”, disse ajuntando que a segunda solução é a criação de oportunidades de emprego bem como o robustecimento da economia nacional, para além criar iniciativas de empreendedorismo. “O manifesto pretende fazer uma renovação profunda para que se alinhe aos desafios da juventude”.
Segundo o representante do partido Frelimo, estas medidas deverão, igualmente, contribuir para a revisão da política da juventude que vai suscitar a necessidade de um registo profundo dos jovens para que se apure a sua condição quanto a empregabilidade, e por essa via, se criar espaços de sua inclusão financeira desde a base até ao nível central.
Por sua vez, Fernando Fernandes, da Renamo sublinhou que o manifesto da RENAMO “foi feito com base na vivência constante com a população incluindo a população jovem que tem sido vítima de má qualidade de ensino que condiciona que os jovens tenham acesso ao emprego”.
“Por isso, a sermos eleitos, vamos criar mecanismos para que os jovens sejam formados com vista a prestar serviços para o desenvolvimento do nosso país e, a educação, sendo o pilar de qualquer nação, entendemos que sem ela o país não pode sonhar em sair da linha da pobreza”, disse ajuntando que é prioridade do seu partido fomentar e promover cada vez mais as tecnologias, a mecanização da agricultura para criar sustentabilidade dos jovens, sobretudo, considerados excluídos.
Para o partido MDM, que no debate foi representado por Renato Muelega, a juventude é o condutor da acção governativa por isso que no seu manifesto a juventude é actor principal no processo de desenvolvimento do país.
“Para fazer face aos interesses dos jovens nós como MDM vamos instituir serviços sociais nas escolas para beneficiar jovens desfavorecidos, a artes e ofícios, vamos a apetrechar as instituições de ensino, introduzir a rede de casa de cultura e governo digitais nas localidades desprovidas destes serviços, promover ações que estimulem o empreendedorismo dos jovens, através de pacote de financiamentos bonificados, desenvolvimento de uma geração qualitativa e preparada para o desenvolvimento do país”, disse Muelega acrescentando que é, igualmente, prioridade do manifesto do seu partido a criação de mais empregos, estimular um ambiente favorável do negocio, introduzir cursos para que depois Serviço Militar os jovens possam prosseguir com a sua vida.
O representante do MDM diz ainda que o seu partido vai promover fóruns regulares de debates juvenis para alimentar a sua actuação junto a governação, "por isso deve haver mais espaços de debate dos jovens sobre as suas questões. Incentivar o associativismo juvenil como modelo de governação como lugar de desenvolvimento do país, campo de férias para incentivar o turismo juvenil para haver mais intercâmbio cultural nos jovens, o que contribuirá para que os jovens pensem melhor o país.
Para o Partido Podemos que suporta a candidatura de Venâncio Mondlane, sublinhou que depois de auscultar a juventude e a população em geral entendeu que há necessidade de haver uma conciliação entre a abundância dos recursos naturais e o desenho de prioridades para a juventude para que saia da pobreza.
Segundo ele, o país dispõe de diversos recursos mas continuamos pobres, o que segundo defende há necessidade de se criar oportunidades para todos incluindo os jovens para que tenham usufruto das benesses provindas dos recursos minerais.
“Temos por isso que tratar os jovens não como instrumento de propaganda política mas sim o maior actor dos processos do desenvolvimento em Moçambique. Não poderemos sonhar desenvolver Moçambique sem integração dos jovens, este são a força motriz do desenvolvimento do país”, sublinhou acrescentando que por exemplo na área de educação, “não é possível que tenhamos mais de 50 por cento da população analfabeta. É necessário criar e garantir escolas de qualidade e professores supercapacidades”.
Para o Podemos, que era representado por Ananias Mausse, a educação precária contribui para que os moçambicanos não tenham consciência dos seus direitos muito menos ter conhecimentos das potencialidades e riqueza do que o seu solo e subsolo tem, uma acão que favorece a um grupo restrito de moçambicanos.
Mausse entende ainda que o país deve apostar em lanche escolar para que as crianças, sobretudo a rapariga não troquem a escola pela enxada em busca de auto-sustento, e corroborou da ideia da necessidade de se avançar para uma agricultura mecanizada com vista a eliminar uma vez por todas a importação de produtos agrícolas, como tomate cebola e batata da África do Sul “e isso só é possível com maior envolvimento dos jovens na tomada de decisões”.
Os participantes elencaram várias prioridades para a juventude as querem ver inclusas e sanados os problemas inerentes nos manifestos eleitorais e que sejam tomados em conta nos programas de governação política a partir de 2025. Realçaram a problemática do Emprego e oportunidades econômicas, Contratação de jovens formados, Criação de mais postos de emprego, Redução das taxas para jovens empresários, Remunerações justas, Eliminação da corrupção, melhoramento da Educação, Tecnologia e acesso à informação, bem com a Importação de tecnologia para os diferentes sectores em Moçambique, Redução da demanda de importação de bens e serviços, Cultura e Identidade introdução de Acampamentos de férias juvenis.