WhatsApp Image 2025 04 10 at 13.53.23O Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) entende que os moçambicanos não podem aceitar que a garantia da ordem se traduza em repressão desproporcional e perda de vidas humanas, nem que a reivindicação por seus direitos fundamentais se transforme em violência.

Esta informação foi tornada público, esta quinta-feira, dia 12, em Maputo, pelo Coordenador de Programas do IMD, Osman Aly Cossing, durante a abertura de uma Mesa Redonda subordinada ao tema: “Restabelecendo o Diálogo e a Confiança entre Cidadãos, Polícia e Justiça”.

De acordo com a Cossing, num Estado que se quer de direito, a solidez das instituições de segurança e justiça é vital para garantir a ordem, proteção e justiça para todos. No entanto, essas instituições só poderão exercer plenamente o seu papel se existirem relações baseadas na confiança, respeito e cooperação com os cidadãos que estas instituições servem.

Neste contexto, a reconciliação torna-se um imperativo, destacou Cossing, explicando que “a restauração dessa relação exige diálogo sincero, reconhecimento mútuo e, acima de tudo, perdão. Segundo ele, estes são elementos essenciais para curar feridas, restabelecer pontes e consolidar a paz social e a estabilidade que tanto almejamos”.

No entender de Cossing, os moçambicanos, por isso precisam urgentemente de multiplicar as plataformas de diálogo inclusivo, onde as vozes dos cidadãos comuns, das vítimas da violência, das forças policiais, dos jovens manifestantes, dos magistrados, do provedor da justiça, da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, dos líderes religiosos das Organizações da Sociedade Civil, possam ser ouvidas com respeito e a necessária dignidade.

Cossing apontou a crise pós-eleitoral e os episódios de violência que marcaram o período entre outubro de 2024 e os primeiros meses de 2025, como factores que trouxeram à superfície uma grande distância entre o cidadão, a polícia e as instituições de justiça.

“O mais preocupante é que esse distanciamento deu origem a confrontos diretos que resultaram na destruição de esquadras e tribunais, bem como na perda de vidas humanas, tanto de cidadãos comuns quanto de membros das forças de segurança”, sublinhou Cossing, acrescentando que “esses acontecimentos deixaram marcas visíveis e profundas, com efeitos que ainda ecoam na nossa sociedade e comprometem os alicerces da convivência pacífica e da confiança institucional”.

O Coordenador de Programas do IMD disse ainda que Moçambique precisa de paz e estabilidade, uma paz que seja efectivamente sentida por todos. “E essa paz começa com a capacidade de ouvir e de ser ouvido”. Na ocasião, Cossing afirmou que “o diálogo é uma ferramenta poderosa de reconstrução e reconciliação”, por isso o IMD viu a necessidade de reforçar o diálogo por via da mesa redonda sobre “Restabelecer o Diálogo e a Confiança entre Cidadãos, Polícia e as instituições da Justiça”, frisou.

DSC08067Por seu turno, o Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Albashir Macassar, considera que o desfio imediato dos órgãos da Justiça reside em assegurar que os direitos humanos sejam respeitados e que a justiça não se torne uma ferramenta de repressão, mas sim um baluarte da igualdade e da protecção de todas as vozes na sociedade.

Segundo o Presidente da CNDH, no contexto das manifestações pós-eleitorais, o sector da Justiça assume um papel fundamental na manutenção da ordem social e na promoção de um ambiente de diálogo entre cidadão e instituições governamentais.

O Presidente da CNDH explicou que a Justiça, além de ser um sistema normativo, deve servir como um mediador de conflitos, proporcionando um espaço onde as demandas sociais possam ser ouvidas e considerados dentro de um quadro legal que favorece a paz social.

“O papel da Justiça, portanto, é o de assegurar que quaisquer acções tomadas em resposta às manifestações sejam adequadas, necessárias e proporcionais, conforme preconizado por acordos internacionais de protecção aos direitos humanos, de que Moçambique é Estado-Parte”, disse o Presidente da CNDH, explicando que “para que essa função seja exercida eficazmente, é vital que os órgãos de justiça estejam adequadamente equipados e dispostos a investigar denúncias de abuso e assegurar responsabilização”.

Macasaar esclareceu que “neste panorama o acesso à Justiça emerge como um aspecto-chave. Para restaurar a confiança da sociedade nas instituições, é essencial que todos os cidadãos se sintam capacitados a buscar reparação e justiça, independentemente da sua classe social ou status.

Apontou, igualmente, Macassar que para restabelecer o diálogo e a confiança entre cidadãos, polícia e justiça no contexto das manifestações pós-eleitorais, é imperativo implementar um conjunto de recomendações que abordem tanto as políticas públicas quanto o engajamento da comunidade.

Segundo a CNDH, uma das primeiras áreas a serem atacadas é a formulação de políticas públicas que priorizem a transparência e a responsabilização. Defendeu ainda a promoção de treinamentos focados em direitos humanos para os agentes de lei e ordem deve ser um a prioridade, possibilitando uma abordagem mais respeitosa e justa nas interações com manifestantes e cidadãos em geral.

Ainda na sua intervenção, Macassar afirmou que a segunda linha de recomendação indicada pelo CNDH aponta para o engajamento da comunidade. “Deve ser intensificado por meio de iniciativas colaborativas que incluam a participação activa dos cidadãos na construção de políticas de segurança pública”.

No seu entendimento, os fóruns comunitários que promovem o diálogo entre membros da sociedade civil, representantes de instituições governamentais e do sistema de justiça podem fomentar um espaço onde questões, preocupações e expectativas sejam discutidas a abertamente.

“Estas plataformas não apenas reforçam a coesão social, mas também permitem uma melhor compreensão das dinâmicas sociais e as necessidades das comunidades, ajustando suas práticas com base em feedbacks directos e construtivos”, explicou.

A mesa redonda realizada nesta quinta-feira em Maputo, decorre no âmbito da implementação do projecto Pró-cívicos e Direitos Humanos, financiado pelo ministério finlandês dos Negócios Estrangeiros, através da sua Embaixada em Maputo.

 

Contacto

+258 843066565
Av. Lucas Elias Kumato nº 61 | Bairro da Sommershield - Maputo, Moçambique

newcontact

foreignaffairsfinlandnimddemofinlandidea footerosisa footerirish aid footeruniao europeiareino dos paises baixosembsueciandi 40 smallamerican flag

Criação e implementação: DotCom